sábado, 16 de fevereiro de 2013


Roberto Custódio/JL / Barracão da Cooprelon, na Vila Yara: diretores tinham salários de até R$ 3,5 mil

Auditoria em cooperativas de 

Londrina aponta irregularidades

Entre os principais problemas estão o uso de veículos
 irregulares e a diferença salarial entre os cooperados


15/02/2013 | 00:00Murilo PajollaComente!
Auditoria realizada pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) nas cooperativas de coleta seletiva identificou diversas irregularidades no funcionamento do serviço. De acordo com o diretor de Operações da companhia, Gilmar Pereira, a Cooperoeste tem motoristas sem a habilitação necessária para dirigir caminhões, além de um dos veículos usado no recolhimento dos recicláveis estar bloqueado judicialmente, por conta de irregularidades referentes a multas e IPVA.
No entanto, o caso mais grave é o da Cooprelon, que não remunerava os funcionários de acordo com o sistema de cooperativa, além de usar dois veículos bloqueados. “Durante a vistoria chegaram algumas denúncias de que o sistema de cooperativismo estava desvirtuado, uma vez que a cooperativa deveria funcionar para dividir os recursos vindos da venda do material e pagar os cooperados de acordo com a produtividade”, explicou Pereira. A auditoria apurou que cinco cooperados recebiam salários de até R$ 3,5 mil, enquanto a média salarial dos recicladores é de R$ 650. “Agora vamos ouvir todos os cooperados e pedir que assinem uma declaração confirmando seus salários. A investigação será finalizada num prazo de 30 dias. Comprovadas irregularidades, vamos aplicar as multas”, disse Pereira.
Ex-diretora
“Coletividade nunca foi respeitada”
Selma Assis é ex-diretora financeira da Cooprelon e faz denúncias graves sobre o funcionamento da entidade. “Nunca houve prestação de contas para os cooperados e nem eu tive acesso aos dados financeiros”. Ela disse que o sistema de cooperativa nunca chegou a funcionar de fato porque a “coletividade não foi respeitada”. “Tem uma corja lá dentro, que não são recicladores, que comanda”, relatou Selma. Decisões importantes como a mudança de salários não passariam por assembleias, como manda o regimento interno da entidade, que também não é cumprido no diz respeito à troca periódica de membros da direção. Diante da manifestação de insatisfação de vários trabalhadores, segundo ela: “eles [a administração] pagavam um pouco mais para uma ou duas pessoas para elas ficarem de bico calado”. Selma culpou a CMTU por, desde 2009, exigir que os recicladores sejam reunidos em cooperativas sem dar o treinamento necessário para os administradores. “Ou eles voltam ao sistema que era antes, em que a gente fazia a separação nos barracões e fazia o rateio do lucro, ou nunca vai funcionar”.
A investigação apontou ainda que a Cooprelon administra mal o dinheiro repassado pela CMTU. Segundo o diretor de Operações, uma testemunha disse que a cooperativa tem dividas que chegam a R$ 140 mil. “Esse é apenas um depoimento, não temos conclusão sobre o assunto”. A auditoria ainda apontou a locação de veículos por valores acima dos praticados no mercado. “Tem caminhões alugados por R$ 2,5 mil, sendo que por um valor menor você parcela a compra de um veículo novo”, afirmou.
Regime antigo
O membro do Conselho Fiscal da Cooprelon Odair Rodrigues disse que a diferença de salários, registrada nos últimos três meses, foi aprovada em uma assembleia na qual estavam presentes aproximadamente 60 cooperados. Questionado se poderia mostrar uma cópia da ata, ele não localizou o documento que comprovaria que a decisão foi coletiva. “O presidente [da Cooprelon, Mauricio Montezini] determinou que a partir de hoje [ontem] ninguém mais ganha fixo. Vamos voltar ao regime antigo, em que cada mês os salários flutuavam conforme a atuação dos funcionários”, garantiu Rodrigues.


Para defender a discrepância entre salários, Rodrigues disse que é justo que aqueles que têm mais responsabilidade sejam mais bem remunerados. “Eu fundei a Cooprelon, então achei que fosse justo ganhar mais”, justifica. Ele admitiu que entre os cinco salários fixos, estavam o dele e o do presidente Mauricio Montezini.
fonte jornal de Londrina

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